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CHINA – O país que construiu o hospital em 10 dias

Os fatores que levaram a China a construir um hospital em 10 dias foram explicados sobre o ponto de vista de engenharia exaustivamente nos últimos dias. O feito somado ao interesse pelas notícias que envolveram o novo vírus despertou a curiosidade de muita gente, afinal de contas não é todo dia que se anuncia e que se cumpre a construção de um hospital para 10 mil pacientes em tão pouco tempo. 

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Do ponto de vista construtivo, o que vimos foi a montagem de um edifício pré-fabricado, um feito que apesar de surpreendente não é inédito para quem acompanha a indústria de pré-construção mundial.

Do ponto de vista de gestão o projetos, pra mim, esse acontecimento é memorável nos detalhes, uma lição de melhores praticas de projetos, programas e portfólio que retratam o alinhamento e a eficiência do povo chinês com as melhores práticas de gestão do mundo que precisa ser ainda melhor compreendido e estudado, mas que humildemente tentarei contribuir para uma primeira análise do fato.  

A velocidade do anúncio da construção do projeto frente à notícia da epidemia demonstra que o governo Chinês possui um plano de mitigação de riscos invejável sob seu portfólio. Só de pensar no tempo que levaria para escolher o terreno, obter as licenças, definir o design, aprovar o orçamento, contratar a construtora, acredito que você já entendeu onde quero chegar, realmente é complicado pensarmos em repetir uma situação dessas por aqui. Claro que muitas tarefas estavam empacotadas e certamente muitas etapas burocráticas foram agilizadas, mas o ponto é que só é possível agir com tamanha rapidez mediante uma gestão impecável desde o planejamento de respostas a riscos diversos às etapas seguintes que levaram ao pleno funcionamento do hospital.

Imaginar que o sistema de saúde chinês em tão pouco tempo teria em seu programa hospitalar um novo componente totalmente integrado ao sistema de saúde nacional que a poucos dias não se imaginava a sua existência é assustadoramente mais impressionante pra mim. Isso representa uma eficiência tática no nível de programas incomum aos nossos padrões. Infelizmente a maioria dos hospitais por aqui levam mais de 10 dias para operar após a construção. Construir e operar um hospital nesse prazo soaria como piada no Brasil. 

A gestão de projetos depende de 3 elementos que o PMI aborda no triangulo de talentos de seu programa:

Estratégia + Liderança e Ferramentas

As ferramentas que levaram a construção do hospital, como disse, não são novidades e poderíamos facilmente emprega-las de modo análogo por aqui. Poderíamos da mesma forma que os chineses “orientalizaram” o projeto europeu e norte americano, “tropicalizar” as soluções para viabilizar a construção de maneira similar por aqui. Não há impedimentos técnicos para isso!

A estratégia e a liderança infelizmente possuem raízes mais profundas e difíceis de se replicar do dia pra noite pois estratégia no conceito militar vem de Interesses, Ameaças e Valores e liderança do ponto de vista prático depende do engajamento de interesses, ameaças e valores. Em outras palavras, as equipes precisam ter os mesmos interesses, se sentirem ameaçadas pelos mesmos fatores e possuir valores semelhantes para não esbarrar em conflitos pessoais e sabotar a execução da estratégia.

Esse último paragrafo pode parecer desanimador pra nós enquanto cidadãos, porem como profissionais empenhados na realização de projetos de sucesso precisamos nos lembrar que todo projeto faz sentido quando ele atende a um interesse ou elimina uma ameaça da organização ou como no caso do hospital, do governo. Isso, sem ultrapassar os limites de valores estabelecidos por normas, cultura e leis.

Na realidade acredito que as boas praticas chinesas não precisariam ser tanto tempo estudadas pela nossa comunidade de GP pois certamente perceberíamos que somos tecnicamente capazes de fazer minimamente igual. Entretanto definir Interesses, Ameaças e Valores é algo com pouco consenso para nós como país e espero que o leitor compreenda que no universo empresarial isso pode ser superado, já que empresa tem dono e dono possui interesses ameaças e valores embutidos como todo ser humano tem. Você conhece esses elementos por trás do seu projeto? Porque não descobrir isso hoje perguntando para o seu chefe ou o chefe do seu chefe? Entregar um projeto que atenda à essas questões não é possível sem conhece-las. Explique isso ao seu gestor se tiver dificuldade em extrair as respostas.

Por último, você está no lugar certo? Você é inspirado ou se sente obrigado a seguir sua liderança? Quando existe engajamento e convergência entre seus interesses pessoais, medos e valores com os interesses, ameaças e valores dos seus lideres as equipes trabalham com menos fricção e os projetos fluem com maior eficiência.

Estratégia + Equipe e Ferramentas é o tema principal do meu mais novo livro. PMONEY, 2019 com prefacio do General Ivan Neiva.

Apresentações do autor

“Eduardo Militão Elias é uma referência, nacional e internacional, em tudo que tenha por foco a excelência no gerenciamento de projetos.” Flavio Augusto Ayres Amary – Secretario Estadual de Habitação do Estado de São Paulo – 2017.

“O Brasil precisa de mais pessoas como Eduardo Militão Elias, mais um entre os melhores” André Bittencourt do Valle – Coordenador dos cursos de MBA e Pós MBA na Fundação Getúlio Vargas – 2017.

“Eduardo Militão Elias trata de questões sofisticadas, como o planejamento estratégico, técnicas de gestão e liderança, com linguagem simples e direta” General de divisão Ivan Ferreira Neiva Filho – Chefe do escritório de projetos do Exército Brasileiro.

Escrito por Eduardo Militão Elias

PMP No 1396759

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